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O cinema em tempos de Covid-19

Atualizado: 26 de nov. de 2020

Por: Amanda Brasil e Priscila Vasconcelos


A sétima arte vive mais um teste de sobrevivência, desta vez contra o vírus que aterroriza o mundo e os serviços de streaming.



Estreias adiadas, gravações paralisadas. O cinema sente os impactos da pandemia.

No ano da pandemia, muitas produções foram paralisadas devido ao risco de contaminação nos estúdio, como foi o caso do tão aguardado “The Batman“, com as gravações retomadas apenas em setembro e paralisadas novamente após o diagnóstico positivo do protagonista Robert Pattinson para covid-19, o longa só deve chegar às salas de cinema em março de 2022. Outras produções que tiveram suas estreias no cinema adiadas foram as continuações "Um lugar Silencioso 2" e "Velozes e Furiosos 9".


Os filmes que conseguiram estrear recentemente tiveram suas bilheterias afetadas, como acontece com "Tenet", que já estava na quarta semana em cartaz e ainda não tinha conseguido bater 40 milhões de dólares nos Estados Unidos, uma quantia considerada muito baixa para uma superprodução do diretor Christopher Nolan.


No cenário do audiovisual brasileiro os impactos não foram muito diferentes. As novelas campeãs de audiência no país foram interrompidas na metade da trama e ainda não tem data para o retorno. Em 2019, as produções brasileiras ganharam as salas de cinema do mundo todo. Filmes como "Bacurau", de Kleber Mendonça Filho e "A Vida Invisível", do cineasta Karim Aïnouz estiveram nos mais respeitados festivais de cinema do mundo e arrebataram o público e a crítica. A expectativa para o cinema nacional em 2020 era de outras grandes conquistas. Com as estreias de filmes muito aguardados como os do caso de Suzane von Richthofen e "Eduardo e Mônica", inspirado na história cantada por Renato Russo, adiadas com o fechamento das salas de cinema do país, teremos que aguardar mais um pouco para saber qual vai ser a avaliação do público.


Já os festivais que não foram adiados tiveram de acontecer de acordo com as novas regras de distanciamento impostas pela pandemia. Os ganhadores fizeram seus discursos de agradecimento direto dos sofás de suas casas. Isso não afetou a importância das premiações e o reconhecimento dos ganhadores, como é o caso de "O Barco e o Rio", curta-metragem amazonense ganhador de 5 categorias no 48º Festival de Cinema de Gramado, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor para Bernardor Abinader.


Os prejuízos da indústria e a ascensão dos streamings

A crise gerada pela pandemia e fechamento do comércio afeta economicamente vários setores, mas de acordo com o publicado no Diário Oficial da União em setembro, o meio artístico lidera essa lista. Com todos os adiamentos, suspensões e cancelamentos nos projetos cinematográficos, a estimativa é de que 120 mil pessoas tenham perdido seus empregos no primeiro semestre deste ano. O professor e coordenador do curso de Jornalismo do Centro Universitário Fametro, Gustavo Soranz, que já dirigiu documentários como “A Amazônia segundo Evangelista” e “Cine Metro”, explica como a crise afeta os profissionais:

"A interrupção das atividades prejudicam os profissionais que prestam serviços às produtoras de forma autônoma. Sem ter a estabilidade de uma carteira assinada, muita gente ficou sem ter renda nenhuma."

De acordo com a empresa de análise independente Omdia para o site da revista Variety, os prejuízos para a indústria cinematográfica em 2020 devem ser entre 20 e 31 bilhões de dólares.


Mesmo com a reabertura das salas de cinema no Brasil, as bilheterias registram números muito baixos. No segundo fim de semana de outubro, os cinemas brasileiros arrecadaram R$ 1,2 milhão, foi o maior valor desde o fechamento das salas em março, mas ainda está muito distante da média semanal de fevereiro que atingiu R$20 milhões.


O espectador confinado viu como única opção de entretenimento seguro, os serviços de streaming de vídeo. Prova disso, são os números crescentes nas assinaturas da Netflix, Amazon Prime Video e GloboPlay, como mostra a imagem abaixo.

Com infomações de Forbes Brasil

Claro que ver um filme em casa é diferente de ver o mesmo filme na tela grande, como afirma também o professor, Gustavo Soranz: “É cada vez mais comum você ter situações de áudio e vídeo em ambientes domésticos que são muito próximas ao cinema, mas não conseguem substituir a experiência do cinema”.


Sem dúvidas esta nova forma de assistir filmes representa uma transformação drástica no cenário das produções audiovisuais, e as produtoras começam a se adaptar cada vez mais a essa mudança. A pandemia trouxe novos desafios à indústria cinematográfica, mas também expôs novas formas de explorar a sétima arte. As mudanças não se dão apenas na área do consumo, mas na forma como são produzidos os filmes e series.


A Disney, por exemplo, enxergou na pandemia o seu momento de entrar para a era dos streamings e lançou o Disney Plus. “Mulan” que era um dos filmes mais aguardados do ano, foi lançada exclusivamente na nova plataforma, além de muitos outros títulos.


Para a estudante de publicidade e integrante da equipe do Festival Audiovisual Universitário Pirarucurta, que aconteceu nos últimos dias 18 e 19 de novembro, Fernanda Souza, o cinema vive sua transição para o futuro.

"A indústria vai se moldar para que as grande estreias não sejam mais dentro das salas de cinema, mas sim nos serviços de streaming."

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